Como funciona a acessibilidade dos meios de pagamento?

Experiência otimizada para pessoas com visibilidade ou tato reduzidos é assunto da vez em empresas de tecnologia financeira

O Brasil é composto por 8% da sua população com alguma deficiência, como indica a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019. Esse número explica o interesse cada vez maior em melhores meios de pagamento, seguindo o comportamento das empresas de tecnologia e aplicativos, nas quais a acessibilidade se torna um elemento fundamental.

No ambiente digital, apenas 1% dos sites cumpriu com todos os recursos de acessibilidade em 2021 (BigDataCorp/Movimento Web para Todos). Por um lado, buscadores como o Google priorizam em seus algoritmos páginas devidamente otimizadas para a experiência desses usuários, mas, na prática, muitas empresas ainda deixam a acessibilidade em segundo plano.

Um levantamento da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) de 2020 mostrou que mais de 10 milhões de estabelecimentos comerciais no país fazem uso de algum tipo de máquina de cartão. Esse número não é diferente se considerarmos também as transações digitais.

Todos esses números comprovam que oferecer acessibilidade nos sistemas de pagamento por cartão é indispensável. Mas como isso funciona na prática? Confira a seguir os principais modelos de maquininhas de cartão em funcionamento por aqui e saiba como evitar perder uma venda por não oferecer uma experiência adequada para clientes com essa demanda.

O padrão das máquinas de cartão em uso no Brasil

Atualmente no Brasil, as máquinas de cartão estão habilitadas para operarem nas funções de débito e crédito, além do QR Code para pagamentos via Pix. Os modelos variam conforme a necessidade do estabelecimento e as funcionalidades da operadora, mas dois deles são mais comuns.

Maquininhas de cartão com teclado físico

Funcionando no modelo tradicional, em tamanho padrão com visor e em versões miniatura, pensadas para uso em comércios de rua, a máquina com teclado físico ainda é bastante comum. Até o momento não existe uma lei nacional que obrigue as empresas a manterem um padrão, embora muitas tenham indicação tátil na tecla de número 5, sugerindo o centro do aparelho.

Maquininhas de cartão touchscreen

O modelo sensível ao toque ainda é menos utilizado quando comparado com o de teclado físico, mas oferece vantagens para quem contrata. São mais leves, compatíveis com apps e redes de dados sem fio, além de serem mais higiênicas. Por outro lado, deixam de oferecer facilidade no uso, por exemplo, para pessoas com baixa visão.

Recursos de acessibilidade

Tanto no caso das máquinas com teclado físico quanto de toque, é recomendado que o lojista ofereça recursos acessíveis para uso de clientes com essa necessidade. Vamos destacar os mais eficientes que estão disponíveis hoje.

  • Película tátil: é aplicada nas telas touchscreen das maquininhas, indicando para pessoas com baixa visão o posicionamento das teclas e suas funções;
  • Pagamento por aproximação (contactless): ficou bastante comum durante e após a pandemia, compatível com carteiras digitais de smartphones, e favorece o uso de pessoas com deficiência que possuem recursos dedicados no aparelho;
  • Aparelhos sem fio: a posição da máquina de cartão na hora de pagar também importa. Uma maquininha sem fio permite que o cobrador direcione o aparelho na altura de um cadeirante ou pessoa com baixa estatura, por exemplo.

A importância da acessibilidade nos sistemas de pagamento

O assunto da acessibilidade nos meios digitais não é recente, mas vem ganhando cada vez mais projeção por conta do grande número de usuários de dispositivos móveis. Se existe uma parcela considerável de consumidores que se beneficia da oferta de recursos acessíveis em lojas físicas e virtuais, nada mais natural que o mercado repensar a qualidade da experiência para essas pessoas.

  • Tendência no mercado de apps: o volume de pesquisas por voz, assistentes virtuais e crescimentos das IA’s faz com que o mercado de aplicativos integre cada vez mais recursos adaptados e acessíveis às necessidades de diferentes usuários;
  • Abrangência de público: ter um site, aplicativo ou maquininha de cartão acessível para pessoas com deficiência favorece o negócio, uma vez que é possível atender de forma satisfatória mais pessoas;
  • VoiceOver: usuários de smartphones com baixa visão frequentemente usam recursos como VoiceOver, que ”narra” o conteúdo da tela durante a navegação. Isso permite que eles façam pagamentos utilizando carteiras digitais, e a experiência é ainda mais segura e fácil quando a máquina de cartão oferece recursos compatíveis.